segunda-feira, 5 de abril de 2010

Painel 05/04

ABERTURA: PAYROLL DÁ TOM POSITIVO AO DIA, MAS MERCADOS AGUARDAM FED

São Paulo, 5 - Henrique Meirelles afirmou que permanecerá no comando do Banco Central para "garantir a estabilidade da economia num ano cheio de desafios". A decisão, anunciada na noite de uma véspera de feriado, tirou o bode da sala e deve trazer tranquilidade ao mercado doméstico nesta segunda-feira, encerrando semanas de incertezas em relação ao comandante da política econômica brasileira. Nos EUA, a criação de 162 mil postos de trabalho no mês passado também trouxe alívio. Apesar de ter vindo abaixo do esperado, o número representou o maior aumento no mercado de trabalho norte-americano em três anos e mostrou contratação em todos os setores da economia, além da admissão de recenseadores temporários abaixo da esperada. Os sinais de que os EUA estão ganhando tração elevaram os rumores de que o Federal Reserve poderia elevar novamente a taxa de redesconto, em um encontro da diretoria programado para hoje, às 12h30. Na primeira reação do exterior aos números do payroll, os índices futuros de Nova York avançam, enquanto as bolsas europeias permanecem fechadas por causa de feriado. Na Ásia, vários mercados da região também estiveram fechados, entre eles China e Hong Kong. Entre as moedas, o dólar bateu a máxima em sete meses ante o iene, enquanto renovava o fôlego de alta ante o euro. O sólido dado de emprego nos EUA dá o tom positivo dos negócios para o dia, mas a semana ainda reserva as vendas das varejistas em março, que podem dar novas pistas sobre o ritmo da retomada norte-americana.

Semana nos EUA terá ata do Fed e venda de varejistas, mas começa com ISM de serviços - Além da reunião do Fed marcada para hoje, a agenda econômica dos EUA desta semana traz, entre os destaques, o índice do ISM sobre a atividade do setor de serviços em março, que será divulgado hoje, às 11 horas. Também nesta segunda-feira, saem os dados sobre as vendas pendentes de imóveis residenciais, no mesmo horário. Entre amanhã e sexta-feira, o calendário norte-americano reserva a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve, nesta terça-feira, e também os dados de vendas das redes varejistas no mês passado em lojas abertas há um ano ou mais, na quinta-feira.

Agenda semanal traz IPCA de março - O IPCA de março é destaque na agenda de indicadores nacionais nesta semana. O índice será divulgado pelo IBGE na quinta-feira (8), mas não é o único indicador de inflação na pauta. Na mesma quinta, estão na fila o IGP-DI fechado de março e o IPC-S da primeira quadrissemana de abril; e na sexta, sai a primeira prévia do IPC-Fipe de abril.

IPC-Fipe desacelera para 0,34% em março ante +0,74% em fevereiro O resultado veio ligeiramente abaixo do piso das expectativas do mercado financeiro, que variavam de 0,35% a 0,42%, com mediana de 0,38%, conforme as previsões de um grupo de 15 instituições consultadas pelo AE Projeções. Na terceira quadrissemana de março, o IPC apresentou alta de 0,44%. Às 11 horas, o coordenador do IPC-S, Paulo Picchetti, comenta os números.

IPC-S de março fica em 0,86% ante 0,68% em fevereiro - O IPC-S ficou acima do teto das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que aguardavam uma alta entre 0,74% e 0,85%, com mediana das expectativas em 0,82%. Mas a taxa do indicador anunciada hoje foi levemente inferior ao resultado imediatamente anterior, apurado na terceira quadrissemana de março, quando o indicador teve alta de 0,87%.


Exterior sobe embalado com payroll, mas espera por Fed

Futuros de NY avançam com payroll, de olho no Fed - Na primeira oportunidade dos mercados norte-americanos de reagirem ao payroll, os índices futuros sinalizam uma abertura em alta das Bolsas de Nova York, embalados pelos números. A economia norte-americana criou 162 mil postos de trabalho em março, no maior aumento de vagas de emprego em três anos. O número ficou abaixo do estimado por analistas, que previam criação de 200 mil vagas. Também trouxe a contratação de recenseadores temporários abaixo das previsões, com a admissão de 48 mil, de uma estimativa de até 80 mil. Já as vagas no setor privado cresceram acima do previsto e mostraram admissão em todas as atividades. A taxa de desemprego, por sua vez, ficou estável em 9,7% no mês passado. A notícia animou os investidores, que aguardam agora as observações do Federal Reserve sobre o ritmo de recuperação da economia norte-americana, para avaliar por mais quanto tempo o juro básico nos EUA permanecerá em um nível ultrabaixo. A autoridade monetária deve se reunir nesta segunda-feira, às 12h30,para discutir a taxa de redesconto, usada para empréstimos de emergência concedidos aos bancos. Embora a reunião não seja extraordinária, o anúncio gerou especulações de que a taxa poderá sofrer um novo aumento. Às 8h22, o futuro do S&P 500 subia 0,37% e o futuro do Nasdaq 100 avançava 0,50%.

Taxa de redesconto deve subir em breve, dizem analistas - Segundo os rumores entre analistas, o Federal Reserve deve elevar novamente a taxa de redesconto no encontro previsto para esta segunda-feira, às 12h30, alargando ainda mais o fosso entre o juro emergenciais cobrado aos bancos e a taxa dos Fed Funds. Em meio aos esforços para retirar os estímulos adotados ao longo da crise, o Fed elevou a taxa de redesconto em fevereiro, em 0,25 ponto porcentual, para os atuais 0,75%. "Como o feriado trouxe um volume mais fraco aos negócios, o Fed está em uma boa posição para aumentar a taxa de redesconto sem causar muitos efeitos colaterais nos mercados financeiros globais", disse Joseph Brusuelas, do Brusuelas Analytics. Ele lembra que, de modo geral, a taxa de redesconto costuma situar-se 1% acima dos Fed Funds,"e agora estão 0,5%".

Vendas de iPad estreiam superando as expectativas - A Apple provavelmente vendeu o dobro do previsto de iPads no fim de semana de estreia das vendas, segundo estimativas de analistas, em um sinal de que o executivo-chefe, Steve Jobs, deve ter tido sucesso na tentativa de reviver o estilo para os tablets. As vendas iniciais de iPad devem ter atingido 700 mil unidade, disse Gene Munster, do Piper Jaffray & Co. Analistas previam, em média, vendas de até 400 mil entre sábado e domingo.

Petróleo ensaia testar nível de US$ 86 por barril - As commodities operavam em alta nesta manhã, animadas pela melhora no mercado de trabalho dos EUA no mês passado,que alimentou a expectativa de uma recuperação econômica sustentável no país. Porém, os investidores iniciaram uma realização de lucro nos negócios com petróleo, à medida que a matéria-prima buscava o nível de US$ 86 por barril, o próximo patamar de resistência. Às 8h06, o contrato futuro para maio do petróleo WTI subia 0,61%, a US$ 85,40, na Nymex. Mais cedo, na Comex, o cobre para maio avançava 0,88%, a US$ 3,6155 por libra peso.

(Equipe AE)

THE ECONOMIST:GOVERNO BRASILEIRO MOSTRA-SE ATRAÍDO POR ESTADO FORTE

Nova York, 5 - A revista The Economist desta semana destaca a campanha eleitoral deste ano no Brasil e alerta para o risco de o governo atual estar se sentindo atraído pela ideia de dar ao Estado poder cada vez maior na economia. De acordo com a revista, discursos recentes da candidata petista à presidência Dilma Rousseff deixam claro esse viés ao ressaltarem que foram as instituições controladas pelo Estado, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal (CEF), Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e Petrobras que ajudaram a prevenir a economia do pior da crise e a fortalecê-la. Segundo a matéria, o governo tem deixado claro que o Estado tem sido bem sucedido onde o setor privado falhou.

A reportagem pondera, no entanto, que apesar da retórica de Dilma, as eleições não devem trazer alteração no equilíbrio entre setor privado e público, uma vez que o governo não tem capital para melhorar a infraestrutura do País, construindo estradas, portos e aeroportos sem ajuda do setor privado. "Há plenas evidências de que Lula, que muito provavelmente continuará no poder atrás do trono caso Dilma ganhe, atualmente acredita que um papel maior do Estado seria melhor para o Brasil", diz o texto.

A revista observa, porém, que o governo brasileiro está "parcialmente correto" e que o Estado realmente teve papel importante para ajudar que o País continuasse a crescer quando o crédito no mercado externo havia "secado". Mas pondera, também, que tentar voltar ao velho modelo socialista do PT seria mostrar que o governo aprendeu as lições erradas da retomada da economia brasileira. (Luciana Xavier)

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