quinta-feira, 18 de junho de 2009

Painel 18/06


São Paulo - A Moody's Investors Service rebaixou o rating global em moeda local da Petrobras de A2 para A3. Segundo a agência de classificação de risco, a revisão reflete o aumento do nível de dependência entre a Petrobras e o governo. A perspectiva do rating é estável. A agência também afirmou o rating de dívida em moeda estrangeira Baa1 e o rating na escala nacional Aaa.br da Petrobras.

De acordo com a Moody's, se por um lado a avaliação de crédito individual da Petrobras segue inalterado, o grau de dependência entre a estatal e o governo tem aumentado consideravelmente no último ano à medida que o potencial do pré-sal tem evoluído, como indicado pelo acesso significativo a empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"O governo também está tomando uma postura mais agressiva no controle de futuras licenças e termos fiscais nas áreas costeiras, apesar de a Petrobras provavelmente continuar sendo favorecida como concorrente e operadora desses desenvolvimentos. O aumento da dependência e elevado nível de suporte do governo reduziram o benefício de elevação implícita do rating", escreveu a agência.

AM. LATINA: CICLO DE CONTRAÇÃO ACABOU, MAS RECUPERAÇÃO SERÁ FRACA

AM. LATINA: CICLO DE CONTRAÇÃO ACABOU, MAS RECUPERAÇÃO SERÁ FRACA

O Morgan Stanley tem uma segunda razão para justificar seu otimismo em relação ao futuro da economia da América Latina. Para o banco, o fato de as condições externas terem melhorado antes e mais rapidamente do que o esperado deve refletir positivamente no futuro da região. Nesse caso, se o aumento recente nos preços das commodities for sustentado ele servirá de suporte importante para o crescimento da América Latina. De fato, o aumento nos preços das commodities foi inesperado. O Morgan Stanley, por exemplo, acreditava que a desaceleração violenta no crescimento mundial fosse contrair a demanda por commodities, e que isso deveria manter os preços em baixa durante todo este ano.

Mas ao invés disso, desde o início de março desde ano os preços das commodities estão registrando uma recuperação nítida. No caso do petróleo, por exemplo, essa elevação chegou a 75% no período. Como as commodities têm uma participação elevada nas exportações da América Latina - elas representam aproximadamente dois terços ou mais de todas as exportações de algumas partes da região - o aumento brusco nos preços provavelmente estimulará a região em termos de comércio.

Historicamente, os aumentos em termos de comércio vieram acompanhados de um crescimento forte no desempenho e apreciações nas moedas da região. "Isso justifica o otimismo em nossas expectativas em relação a um crescimento mais pronunciado para a recuperação da região", avaliam os economistas Daniel Volberg e Luis Arcentales, do Morgan Stanley. (PATRÍCIA BRAGA)


BC: demanda mais fraca criou ociosidade na produção

BC: demanda mais fraca criou ociosidade na produção

A ata da reunião de junho do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada hoje, avalia que o desaquecimento da demanda criou "importante margem de ociosidade dos fatores de produção". Essa avaliação é uma das explicações para a decisão que surpreendeu o mercado financeiro, de corte de 1 ponto porcentual (pp) na taxa básica de juros, a Selic, na semana passada, ante expectativa de redução de 0,75 pp. Segundo o documento, o aperto das condições financeiras, a queda da confiança e a contração da economia global explicam a redução da demanda.

Os diretores da autoridade monetária entendem que essa ociosidade na produção "não deve ser eliminada rapidamente em um cenário de recuperação gradual da atividade econômica". "Esse desenvolvimento deve contribuir para conter as pressões inflacionárias", cita a ata.

O trecho aproveita para reafirmar que a flexibilização da Selic, realizada desde janeiro deste ano - período em que o juro básico foi reduzido em 4,5 pp - terá "efeitos cumulativos, que serão evidenciados após certa defasagem temporal, sobre a economia".

Inflação

O Copom avalia que o cenário benigno para a inflação continua se consolidando no Brasil. De acordo com o documento, há uma série de fatores domésticos que explicam o comportamento dos preços em trajetória não preocupante, todos ligados à queda do ritmo de atividade econômica.

Entre eles, o destaque fico por conta da redução da produção industrial, de indicadores do mercado de trabalho e das taxas de utilização da capacidade na indústria. Também são lembrados o comportamento dos indicadores ligados à confiança de empresários e consumidores. Tudo isso, segundo o BC, gera condições para que continue "se consolidando as perspectivas de concretização de um cenário inflacionário benigno, no qual o IPCA voltaria a evoluir de forma consistente com a trajetória das metas". O centro da meta de inflação para 2009 é de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos porcentuais para baixo ou para cima.

A possibilidade de que pressões inflacionárias localizadas, principalmente no atacado, venham a se transformar em riscos ao cumprimento da meta diminuiu entre abril e junho, diz a ata do Copom. "Os sinais de substancial acomodação da demanda doméstica e de moderação de pressões sobre o mercado de fatores de produção, ainda que permaneçam sujeitos a incertezas, devem ensejar redução do risco de repasse de pressões altistas sobre preços no atacado para os preços ao consumidor", diz o documento. Nesse trecho, os diretores do BC destacam que "segundo indicadores disponíveis" o comportamento da demanda interna "deverá exercer menos pressão sobre os preços dos itens não transacionáveis, como os serviços, nos próximos trimestres".

Assim, os riscos para a trajetória da inflação são praticamente todos relacionados a fatores internos, diz o Copom.

Apesar dessa avaliação tranquilizadora, os diretores do BC ressalvam que "a despeito de haver margem residual para um processo de flexibilização, a política monetária deve manter postura cautelosa".

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