terça-feira, 11 de maio de 2010

Painel 11/05

ANALISTAS:CRISE FISCAL MASCARA DADOS BONS DA ECONOMIA REAL EUROPEIA

São Paulo, 11 - Especialistas do mercado ouvidos pela Agência Estado são unânimes em afirmar que os indicadores da economia real, tanto na Zona do Euro como nos Estados Unidos, têm se mostrado bons. O problema é que os índices têm sido mascarados pela crise fiscal no Continente Europeu. "A economia real na Europa e nos Estados Unidos tem se mostrado forte há dois meses", afirma o economista do BNP Paribas Diego Donadio. Eles afirmam ainda que não veem na crise fiscal europeia sustentação para análises reduzindo o crescimento do PIB brasileiro em 2010. Na avaliação dos especialistas, a economia brasileira poderá crescer até 7,5% este
ano.

Segundo o economista do BNP, com estabilização dos mercados em resposta ao pacote de 750 bilhões de euros para combater a crise na Europa, os agentes voltarão os olhos para os indicadores da economia real, o que deverá alavancar as bolsas de valores e a ajudar a tornar o euro mais fraco, o que também seria um estimulo às exportações de países como a Alemanha, por exemplo. "A recuperação da Europa passa pela desvalorização do euro", conclui Donadio.

Na Mauá Investimentos, o economista-chefe Caio Megale concorda com seu colega do BNP. Ele acrescenta que os indicadores da economia real americana têm sido bons. "Além disso, a região que mais tem surpreendido é a zona do euro", diz. No caso dos EUA, a expectativa de Megale para o PIB é de um crescimento de 4%. "Agora, a Europa tirou o foco dos indicadores da economia real, pelo menos até ontem", reforça o economista da Mauá Investimentos. Para ele, tirando a questão financeira da frente, a tendência é de melhora.

Na sexta-feira, por exemplo, os EUA divulgaram o payroll de abril, informando a criação 290 mil empregos ante 230 mil novas vagas em março. "Ninguém deu importância para este número. Como no domingo foi aprovado o pacote de combate à crise na Europa, ontem as pessoas resolveram olhar para este dado", completa o economista da Mauá.

Outro que defende a tese de que os dados da economia real na Zona do Euro e EUA estão bons é o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges. Para ele, o pacote afasta o temor de um risco sistêmico europeu, o que fará com que os analistas voltem a perceber recuperação na economia da região e não um cenário de estresse. A equipe de analistas da LCA projeta para este ano um crescimento de 1% do PIB europeu depois do tombo de 4% no ano passado. Para a economia americana, Borges é menos otimista que o seu colega da Mauá, Caio Megale, e prevê uma expansão de 2,9% ante 2,5% em 2008. Para ele, tratam-se de taxas de crescimento modestas, mas importantes diante das turbulências no mercado externo. (Francisco Carlos de Assis)

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