terça-feira, 29 de setembro de 2009

Painel 29/09

EUA SEGUEM EMITINDO SINAIS DÚBIOS SOBRE RETOMADA ECONÔMICA

EUA SEGUEM EMITINDO SINAIS DÚBIOS SOBRE RETOMADA ECONÔMICA

Josué Leonel, jornalista

São Paulo, 29 - Assim como aconteceu na semana passada, os últimos indicadores divulgados nos EUA seguem emitindo sinais contraditórios sobre o processo de recuperação econômica no país. A pior notícia hoje veio do índice de confiança do consumidor da pesquisa Conference Board, que caiu de 54,5 em agosto para 53,1 em setembro. O número foi muito pior do que o resultado de 57,0 previsto pelos analistas. Um dos itens da pesquisa comprova o efeito danoso do desemprego sobre as expectativas dos consumidores. O porcentual dos consultados na pesquisa que acreditam que "está difícil" conseguir emprego subiu de 44,3% em agosto para 47,0% em setembro, enquanto os que consideram haver empregos "abundantes" recuaram de 4,3% para 3,4%.

Outro índice divulgado hoje surpreendeu positivamente, embora não o suficiente para trazer grande entusiasmo. O índice nacional de preços de imóveis em 20 regiões metropolitanas dos EUA medido pela S&P Case Shiller caiu 13,3% em julho sobre mesmo mês de 2008 e aumentou 1,6% ante junho. O índice veio melhor do que a queda de 14% em base anual estimada pelos analistas.

O comportamento dúbio dos indicadores, ora surpreendendo para cima ora para baixo, contribui para manter o mercado em compasso de espera para os números com maior potencial de impacto nos negócios previstos para sair ainda esta semana. Embora a expectativa para alguns indicadores importantes seja positiva, o mercado deve manter a cautela diante do risco de surpresas negativas, como a representada hoje pelos números da Conference Board. Os analistas estimam redução do número de cortes de vagas tanto para a pesquisa ADP/MA, que sai amanhã, quando para o payroll, na sexta, embora a previsão ainda seja de alta para a taxa de desemprego.

A ausência de maior vigor dos indicadores, de todo modo, se mostra coerente com as avaliações de integrantes do mercado e do próprio Fed, de que a retomada da economia americana tende a continuar lenta. Segundo informações da Dow Jones relatadas pelo jornalista Gustavo Nicoletta, o presidente do Federal Reserve de Dallas, Richard Fisher, afirmou que o crescimento da economia norte-americana "deve permanecer moroso por algum tempo" e que, no futuro imediato, os preços devem continuar baixos nos EUA por conta do excesso de capacidade produtiva. "O risco aparentemente é deflacionário", avaliou.

Avaliação semelhante parece mover a estratégia de Bill Gross, que comanda a administradora de investimentos Pimco. De acordo com o site da Bloomberg, Gross afirmou que tem comprado treasuries de longa maturação nas últimas semanas como proteção contra a deflação. Para ele, tem havia uma significativa flutuação na parte longa da curva destes papéis e "isto reflete a volta dos temores deflacionários".

(Josué Leonel é colaborador da AE e comentarista da Rede Eldorado)

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