segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Painel 14/09

GUERRA COMERCIAL ENTRE EUA E CHINA TRAZ TENSÃO, UM ANO APÓS LEHMAN

GUERRA COMERCIAL ENTRE EUA E CHINA TRAZ TENSÃO, UM ANO APÓS LEHMAN

Londres, 14 - A possibilidade de uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a China preocupa os investidores internacionais nesta segunda-feira, um ano após o colapso do Lehman Brothers. Os temores sobre um alastramento do protecionismo, em uma economia global ainda em recuperação, interrompem a procura pelo risco verificada nos últimos dias e faz o dólar retomar as forças, derrubando as commodities e as bolsas.

O governo chinês já reagiu com irritação à decisão dos EUA de elevar as taxas de importação dos pneus produzidos na China para até 35%, por três anos, dos atuais 4%. Pequim anunciou que vai abrir uma investigação sobre as compras de carros e frango norte-americanos.

O cenário esquenta as próximas discussões da reunião de cúpula do G-20, marcada para 24 e 25 de setembro em Pittsburgh (EUA), já que os comunicados do grupo vêm reiterando a necessidade de impedir uma onda protecionista, a fim de não abalar ainda mais as economias que só agora começam a sair da recessão.

"Uma guerra comercial não ajuda a economia global e acreditamos que esta notícia é suficiente para golpear um mercado posicionado para a recuperação", anota Tom Levinson, estrategista de câmbio do ING.

"As informações deixaram os investidores muito nervosos devido à fragilidade da retomada e à possibilidade de que essa disputa possa levar a uma espiral fora de controle", avalia Boris Schlossberg, da corretora GFT.

Depois da forte correção registrada na semana passada, o dólar consegue recuperação em meio ao ambiente mais tenso de hoje. Às 7h55 (de Brasília), o euro (-0,12, a US$ 1,4555) e a libra (-0,70%, a US$ 1,6547) recuavam. Na comparação com o iene, a moeda norte-americana subia 0,03%, para 90,76 unidades.

O reflexo nas commodities também é imediato. O petróleo perdia 1,08%, para US$ 68,54, no pregão eletrônico da Nymex, enquanto metais como o ouro (-0,81%) e o cobre (-1,67%) mostravam desvalorizações acentuadas.

As bolsas de Londres (-0,64%), Paris (-0,90%) e Frankfurt (-0,78%) operavam em queda no mesmo horário (acima).

Mas, se hoje os temores estão relacionados ao ritmo da recuperação, há um ano,quando o Lehman Brothers implodiu, havia o medo de uma depressão. O colapso do gigante financeiro foi um divisor de águas da crise e deu início a um momento ainda mais grave, levando para a recessão também economias emergentes e até então vistas como protegidas - entre elas, o Brasil.

Os pesados estímulos fiscais e monetários despejados pelos governos mundo afora conseguiram impedir as piores consequências para o momento econômico mais dramático do pós-guerra. Hoje, as discussões já recaem sobre as estratégias de saída e os riscos de explosão inflacionária.

"As medidas extremas podem ter sido necessárias para impedir uma espiral deflacionária e a Segunda Depressão, mas nos próximos anos poderemos ter de pagar um preço elevado, com aumento dos impostos e crescimento abaixo da média", avalia Jan Lambregts, do Rabobank.

Hoje, o presidente dos EUA, Barack Obama, fará um discurso sobre a crise em Nova York, por volta das 13h (de Brasília). Conforme o ING, há crescentes rumores de que ele poderá retirar algum dos suportes dados ao setor financeiro. "Será preciso ver se os mercados estão preparados para isso." (Daniela Milanese)

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