domingo, 16 de agosto de 2009

Painel 17/08

EXTERIOR SOFRE FORTE CORREÇÃO POR PREOCUPAÇÃO COM ECONOMIA GLOBAL

EXTERIOR SOFRE FORTE CORREÇÃO POR PREOCUPAÇÃO COM ECONOMIA GLOBAL

Londres, 17 - Os mercados internacionais começam a semana em forte correção,conforme os investidores avaliam que o recente rali pode ter sido exagerado diante dos sinais que mostram que a economia global ainda não está em total recuperação. Dados divulgados no final da semana passada nos EUA - queda nas vendas no varejo e na confiança do consumidor - pesam sobre o sentimento nos mercados, assim como a forte queda das bolsas na China, em meio às preocupações com a saúde da economia chinesa e dos lucros corporativos. Assim, as bolsas europeias, os futuros de Nova York e o petróleo caíam cerca de 2%, enquanto o euro perdia 1% para o dólar.

O relatório que mostrou que a segunda maior economia mundial saiu da recessão no segundo trimestre não ajudou a reverter o pessimismo dos investidores, uma vez que os números vieram levemente abaixo do previsto. O Produto Interno Bruto (PIB) do Japão cresceu 0,9% no segundo trimestre ante o primeiro trimestre e 3,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Analistas esperavam expansão de 1% no trimestre e de 3,9%, em comparação anual.

A Bolsa de Tóquio não se beneficiou com o dado do PIB e fechou em queda de 3,1%, acompanhando a reação dos demais mercados asiáticos ao declínio de 5,8% da Bolsa de Xangai. O volume de negócios tem sido moderado na China, com o receio de formação de uma bolha devido ao excesso de liquidez injetada na economia pelo governo.

Nos EUA, a queda no sentimento do consumidor em agosto, divulgada um dia após o recuo inesperado nas vendas do varejo em julho, surpreenderam os investidores. Segundo David Buik, sócio da BCG Partners, em Londres, há uma crescente preocupação com "a falta de força das vendas no varejo nos shoppings centers dos EUA. As compras de 'volta às aulas' mais o (feriado de) Ação de Graças e o Natal são os três períodos de vendas essenciais para números de varejo decentes e para o bem estar da economia dos EUA".

Como a preocupação com o consumo nos EUA retomou força no momento em que os mercados vinham de um rali expressivo, a ordem do dia é de correção dos excessos. "Há uma sensação crescente de que a ponta comprada dos mercados acionários estava ficando um tanto lotada", comentou Ian Williams, economista da Altium Securities.

Na Europa, pesam ainda preocupações sobre a capitalização do setor bancário, depois que o Swedbank anunciou que estava lançando uma emissão de US$ 2,07 bilhões em ações com direito preferencial de subscrição, para fortalecer os negócios domésticos e na região Báltica. Os papéis do banco caíram mais de 3% há pouco e derrubavam outras ações do setor.

"Mais alguns movimentos como este (levantamento de capital) e a preocupação predominante do mercado será quem vem depois", disse Philippe Gijsels, estrategista do Fortis. "Ainda não acabaram os problemas no setor financeiro."

Todos os setores operam no negativo nas bolsas europeias, incluindo os defensivos, como saúde e alimentos e bebidas. O setor de varejo tem perdas acentuadas, em reação aos dados dos EUA da semana passada. Outro destaque de queda são as ações ligadas a commodities, por conta do declínio nesses contratos.

Às 7h55 (de Brasília), a Bolsa de Londres caía 1,86%, Paris recuava 2,43% e Frankfurt tinha queda de 2,21%. O futuro S&P 500 perdia 2,2% e o Nasdaq 100 cedia 1,75%.

O petróleo para setembro na Nymex eletrônica mostrava declínio de 2,53%, a US$ 65,80 por barril. No eletrônico da Comex, o cobre para setembro recuava 3,0%, a US$ 2,7510 a libra peso.

O euro perdia 1,01%, a US$ 1,4062, enquanto o dólar cedia 0,27%, a 94,66 ienes. As informações são da Dow Jones. (Nathália Ferreira)

RECUPERAÇÃO DO MERCADO DOMÉSTICO PUXA LUCRO DA PETROBRAS

RECUPERAÇÃO DO MERCADO DOMÉSTICO PUXA LUCRO DA PETROBRAS

São Paulo e Rio - A recuperação do mercado doméstico beneficiou o resultado da Petrobras do segundo trimestre deste ano, quando a companhia apresentou lucro líquido de R$ 7,7 bilhões, alta de 33% em relação aos três primeiros meses de 2009. Após registrar queda nos volumes vendidos no País entre janeiro e março, a estatal conseguiu retornar ao nível de comercialização anterior à crise global. As vendas de combustíveis da Petrobras no mercado interno aumentaram 10% no segundo trimestre, em comparação aos três primeiros meses de 2009.

"Não sei se dá para falar que a crise já passou, mas pelo menos os efeitos aqui (no Brasil) estão demonstrando recuperação", afirmou o diretor Financeiro da companhia, Almir Barbassa, durante a apresentação dos resultados a jornalistas. A estatal vendeu 1,763 milhão de barris por dia (bpd) de derivados no Brasil no segundo trimestre, ante 1,765 milhão de barris no mesmo período de 2008. Entre janeiro e março de 2009, a estatal comercializou 1,6 milhão de bpd no Brasil, reflexo da queda na demanda por diesel e gás natural em razão da desaceleração da atividade econômica.

O desempenho operacional foi o principal destaque do balanço financeiro da companhia, beneficiado também pelo aumento da produção de petróleo, pela alta do preço da commodity no mercado internacional e pelo desempenho positivo de sua balança comercial. A margem Ebitda da companhia atingiu 39% no segundo trimestre de 2009, ante 32% nos três primeiros meses do ano, o equivalente a um crescimento de sete pontos porcentuais. Mesmo em relação ao segundo trimestre de 2008, quando o preço do barril aproximava-se do recorde de US$ 145 atingido em julho, a margem Ebitda cresceu seis pontos porcentuais.

Os estoques de óleo a preços mais baixos do que os de realização também foram relevantes para a melhora no resultado, propiciando ganhos de R$ 1,4 bilhão no período. A empresa estava com elevados estoques a um preço menor na virada do trimestre, antes da alta do valor do barril de petróleo. Com o aumento do preço do barril durante o trimestre, a estatal pôde vender o produto a preços mais altos. O preço médio da commodity no mercado internacional passou de US$ 45 o barril, no primeiro trimestre, para a média US$ 59 o barril entre os meses de abril e junho.

Por outro lado, a valorização do real de 15% real no período provocou um efeito negativo sobre o resultado financeiro, que ficou no vermelho em R$ 2,46 bilhões no segundo trimestre, ante prejuízo financeiro de R$ 849 milhões nos três primeiros meses de 2009. Apesar de a queda do dólar no período ter provocado um resultado financeiro positivo no valor de R$ 566 milhões sobre o endividamento líquido da companhia, a estatal aumentou em R$ 1,61 bilhão o seu prejuízo na linha financeira devido às perdas cambiais sobre recursos aplicados no exterior, que somaram R$ 2,82 bilhões. "Na prática um fator acabou quase anulando o outro", disse Barbassa.

Barbassa também comentou durante entrevista coletiva que os investimentos da companhia em 2009, previstos inicialmente para atingir R$ 61 bilhões, devem ultrapassar este valor. Segundo ele, como foram investidos mais do que 50% no primeiro semestre, há esta tendência, considerando que historicamente os investimentos da estatal são maiores no segundo semestre.

Além disso, disse o diretor, houve alguns projetos que foram incorporados aos investimentos previstos pela estatal no ano, o que pode puxar para cima os valores estimados inicialmente. Entre esses projetos estão duas sondas que a companhia negociou para perfurar no pré-sal, a Cajun Express, da Transocean, e a West Polaris, da Seadrill. Esses equipamentos não estavam incluídos no pacote de encomendas que a estatal previa para o programa de perfurações este ano.

Segundo Barbassa, a empresa está de olho em novas oportunidades que surgirem no mercado para negociar novas sondas, e isso pode elevar os valores ainda mais. O diretor não quis revelar o valor negociado, mas lembrou que cada sonda envolve uma série de outros contratos para a instalação da infraestrutura de cada poço a ser perfurado. Ele lembrou que cada poço custa em média US$ 60 milhões apenas para sua perfuração, valor que pode dobrar considerando a infraestrutura que envolve a ação. (Tatiana Freitas e Kelly Lima)

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