segunda-feira, 22 de março de 2010

Painel 22/03

CENÁRIO SEMANAL: MERCADO MONITORA ATA, INFLAÇÃO E DADOS NOS EUA

Josué Leonel, jornalista

São Paulo, 22 - Depois de o Copom ter mantido a Selic estável, nesta semana o ponto alto é a ata da reunião. Com ela, o mercado balizará a aposta majoritária na alta dos juros em abril. Combinada aos indicadores de inflação, como o IPCA-15, e à taxa de desemprego, a ata também influenciará as expectativas para o aperto monetário esperado para todo o ano. Nos EUA, onde a aprovação da reforma da Saúde do presidente Barack Obama pode afetar as empresas do setor, a agenda destaca dados de imóveis, as encomendas de bens duráveis e o resultado final do PIB do quarto trimestre de 2009. A situação da Grécia e a alta dos juros na Índia são fatores de volatilidade herdados da semana passada.

Nesta segunda-feira, a bolsa poderá reagir ao balanço da Petrobras, divulgado na sexta-feira após o fechamento. O resultado anual ficou um pouco acima das expectativas. A Petrobras apresentou lucro líquido de R$ 8,129 bilhões no quarto trimestre de 2009, alta de 31,34% sobre o mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, o lucro líquido ficou em R$ 28,982 bilhões, queda de 12,1% sobre 2008.

A maior curiosidade do mercado brasileiro em relação à ata do Copom, que sai na quinta-feira, será avaliar os argumentos dos três diretores que votaram por uma alta de 0,50 ponto porcentual da Selic. Embora os cinco diretores que votaram pela manutenção da taxa tenham imposto suas posições, alguns analistas esperam que o documento tenha um tom duro, advertindo que qualquer maior ameaça de alta da inflação terá resposta da política monetária.

A ata divide a atenção dos analistas com uma agenda importante de divulgações que começa hoje com a pesquisa Focus. Após o Copom, as projeções para a Selic, inflação e PIB devem ser monitoradas. Os próximos dados de inflação também serão escrutinados com maior atenção em busca de sinais de refluxo ou continuidade da pressão do início do ano. O principal deles é o IPCA-15 de março, que sai nesta terça-feira. Em fevereiro, o índice alcançou 0,94%. Outros índices de preço esperados para a semana são a segunda prévia de março do IGP-M (hoje, com previsão de 0,95%, segundo o AE Projeções) e as terceiras quadrissemanas do IPC-S (amanhã) e IPC-fipe (quinta-feira).

Esta segunda-feira ainda será forte em dados das contas externas, com as divulgações do déficit em transações correntes e Investimento Estrangeiro Direto (IED) de fevereiro. As estimativas apuradas pelo AE Projeções apontam déficit de US$ 1,8 bilhão a US$ 3 bilhões (ante US$ 3,4 bi em janeiro) e IED de US$ 2 bilhões a US$ 2,9
bilhões (ante US$ 789 mi em janeiro). Também hoje sai o resultado da balança comercial na segunda semana de março. Na primeira, o superávit foi de US$ 82 milhões. No mesmo dia da ata, quinta-feira, o IBGE divulgará a taxa de desemprego de fevereiro. Em janeiro, o índice fechou em 7,20%. Diante do aquecimento do consumo e da redução da ociosidade da economia, torna-se mais relevante acompanhar não apenas a taxa de desemprego como os indicadores de salário e massa salarial.

Nos EUA, o ainda cambaleante setor de moradia será um dos destaques da semana, ao lado do dado de encomendas de bens duráveis. Amanhã, saem as vendas de imóveis residenciais usados (NAR) de fevereiro, que deve apresentar queda de 2%, segundo analistas ouvidos pela agência Dow Jones. Na quarta-feira, saem vendas de imóveis residenciais novos, também de fevereiro (previsão de alta de 1,3%).

Também na quarta-feira, saem as encomendas de bens duráveis de fevereiro (previsão de alta de 0,7%), enquanto na quinta-feira serão divulgados os pedidos de auxílio-desemprego da semana até 20 de março (previsão de -4 mil). Na sexta-feira, sai o dado final do PIB final do 4º trimestre, que deve ficar em +5,8%, sem mostrar alteração substancial ante a segunda revisão (+5,9%). No mesmo dia, sai o índice final de sentimento do consumidor de março da Universidade de Michigan (previsão de 73).

A agenda de eventos relevantes na Europa na semana tem entre os destaques o encontro de cúpula dos líderes da União Europeia e o encontro de política monetária do banco central da Noruega. O encontro dos líderes da UE, na quinta-feira, pode discutir a crise da Grécia, embora a chanceler alemã, Angela Merkel, tenha descartado a discussão deste assunto.

Entre os indicadores europeus está a pesquisa de sentimento econômico do instituto alemão Ifo, que deverá apontar uma perspectiva mais forte para a recuperação econômica global na próxima semana, depois do primeiro declínio em 11 meses registrado em fevereiro. A agenda de indicadores também trará os dados preliminares de atividade industrial e do setor de serviços da Alemanha, França e zona do euro. No Reino Unido, destaque para o relatório do orçamento do governo Trabalhista, inflação ao consumidor e de vendas no varejo.

Na Ásia, o Japão divulga vários indicadores econômicos, entre eles as vendas de supermercados, o índice de preços dos serviços corporativos e o índice de preços ao consumidor. Também estão programadas a divulgação da ata da reunião de política monetária do banco central do Japão e o encontro de política monetária do banco central de Taiwan.

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