terça-feira, 9 de março de 2010

Painel 09/03

MERCADO ESTÁ OTIMISTA COM EMERGENTES E COMMODITIES

Josué Leonel, jornalista

São Paulo, 9 - Um ano depois do fundo do poço atingido pelas bolsas americanas, em março do ano passado, os mercados ensaiam uma retomada. Embora em Nova York as ações também estejam em alta, a bolsa brasileira parece mais firme. Com liderança de empresas cujo desempenho está relacionado a commodities como o petróleo e os minérios, o Ibovespa se aproxima novamente dos 70 mil pontos.

O forte crescimento da China e outros grandes mercados emergentes tem animado novamente as apostas em alta de algumas commodities, embora ainda sem a exuberância verificada antes da crise de 2008. Acredita-se que um fator decisivo para os preços seja o reajuste do minério e ferro que está sendo negociado pelas mineradoras com os chineses. Um aumento de 40% a 60%, embora elevado, provavelmente não teria grande impacto nos negócios.

Porém, os mais otimistas falam de um reajuste de até 80%, que poderia ter uma forte influência sobre as perspectivas em relação às commodities em geral, não apenas ao minério. Um aumento desta magnitude funcionaria como um atestado do apetite da China por insumos para alimentar sua crescente indústria e seu aquecido mercado consumidor.

O otimismo com as commodities e a retomada do crescimento econômico em geral, especialmente nos países emergentes, se reflete também na volta dos grandes IPOs. Hoje foi a vez de a CSN anunciar a contratação de bancos para coordenar a abertura de capital da Casa da Pedra, grande mina de minério de ferro da empresa. O IPO da Casa da Pedra vem na esteira do anúncio da abertura de capital da OSX, do empresário Eike Batista, previsto para este mês. Embora seja um estaleiro, a OSX também se beneficia do ciclo de alta das commodities, em particular do petróleo, uma vez que seu objetivo é fabricar plataformas para a exploração de óleo na costa brasileira.

Analistas do mercado ainda têm dúvidas sobre se a bolsa já está deslanchando uma retomada firme da escalada de alta. As ações fizeram alguns ensaios de alta neste começo de ano, mas que se revelaram pouco consistentes. Ainda há pontos de incerteza no horizonte, como a capitalização da Petrobras, que só deve ser definida nos próximos meses. Questões como a sustentabilidade do crescimento nos EUA e a dívida da Grécia ainda estão em aberto, apesar da evolução recente positiva do noticiário sobre estes temas. De todo modo, a alta desta terça-feira não deixa de ser coerente com um cenário de médio e longo prazo considerado mais positivo pelos investidores.

(Josué Leonel é colaborador da AE e comentarista da Rede Eldorado)

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