quarta-feira, 10 de março de 2010

Painel 10/03

PETROBRAS ANUNCIA NOVA DESCOBERTA NO BM-S-9, ÁREA DO PRÉ-SAL

Rio, 10 - A Petrobras informou à Agência Nacional de Petróleo (ANP) ter encontrado mais indícios de petróleo no pré-sal do bloco BM-S-9, na Bacia de Santos, onde estão localizadas as áreas de Carioca e Guará. A descoberta foi comunicada ontem à reguladora e publicada hoje no seu site. A Petrobras ainda não divulgou informações sobre o assunto.

O bloco BM-S-9 é operado pela Petrobras (45%), em parceria com a britânica BG (30%) e a espanhola Repsol (25%). No local, por enquanto a Petrobras só identificou o volume de reservas estimado para Guará, entre 1 bilhão e 2 bilhões de barris.

Há uma forte expectativa para a área de Carioca, que pode ser, segundo analistas, a maior acumulação de óleo da área do polo de Tupi, na Bacia de Santos. Além de Carioca e Guará, já foram identificadas potenciais reservas num terceiro prospecto na área, de Abaré Oeste. Além dos já citados, o bloco BM-S-9 possui ainda os prospectos de Iguaçu, Complex, Tupã e Abaré. A Petrobras não informou em qual destes prospectos foi identificada a nova reserva. (Kelly Lima)

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EUA: APÓS VALES E PICOS, INCERTEZAS AINDA RONDAM BOLSAS DE NY

Nova York, 10 - Não é somente a chegada ao fundo do poço das bolsas nova-iorquinas durante a atual crise econômica e financeira que se comemora esta semana, mas também outro momento marcante do mercado: o pico da Nasdaq, atingido há dez anos, no dia 10 de março. Embora as bolsas atualmente não estejam em nenhum pico ou vale e o caminho tenha sido ascendente nos últimos 12 meses, as incertezas sobre o futuro da economia dos Estados Unidos e do mundo continuam pairando no mercado financeiro.

Para o especialista em mercado de ações Michael Covel, da Califórnia, ainda que haja uma tendência altista ou "bullish", o período de volatilidade deve continuar por mais algum tempo nas bolsas. "A tendência das ações é sim de alta. Mas ela pode parar e ir para outro lado? É claro que sim. Os EUA têm déficits gigantescos e os juros estão perto de zero. Isso não me parece uma receita de sucesso no longo prazo. Na verdade, isso me assusta bastante", afirmou Covel, que é autor de dois best sellers "Trend Following" e "The Complete Turtle Trader" e diretor do documentário "Broke: The New American Dream", lançado no ano passado, sobre as causas dos problemas econômicos atuais.

Segundo ele, tendo como ingredientes dívidas altas, juro muito baixo e desemprego elevado, fica difícil descartar imediatamente o risco de uma nova recessão. "O desemprego está em nível assustador, realmente muito alto. E enquanto a economia tenta se recuperar, nossa maior invenção, a internet, está eliminando postos de trabalho num ritmo que também gera temor", disse.

A economista Michelle Meyer, do Barclays Capital em Nova York, disse, no entanto, estar confiante em relação à recuperação da economia norte-americana, que fortalece o otimismo dos investidores. Ela acredita que os juros vão sair do historicamente baixo patamar atual, na região de 0% a 0,25%, em setembro. Michelle espera que o juro norte-americano feche este ano em 1% e continue a subir em 2011. "Acho que a retomada da economia está sendo consistente e estamos num momento muito melhor. Agora o quão saudável será essa recuperação depende da criação de novos empregos. Quando isso começar a ocorrer, aí sim os investidores estarão mais confiantes", afirmou.

Outra discussão no mercado é se os ativos estão caros ou baratos. Segundo reportagem do Wall Street Journal, publicada ontem, o professor Robert Shiller, da Universidade de Yale, acredita que os preços dos ativos estão caros, ainda que mais baixos do que já foram um dia.

Shiller foi um das poucas vozes a alertar sobre a bolha de 2000, das ações pontocom, de telecomunicações e tecnologia. O pico dessa bolha foi atingido em 10 de março de 2000, quando o Nasdaq chegou aos 5,132.52 pontos; e o abismo em 10 de outubro de 2002, quando o índice caiu para 1.108,49 pontos - uma perda de 78% do seu melhor momento. Com a alta de 84% desde março de 2009, o Nasdaq ainda segue 54% aquém do pico de 2000. (Luciana Xavier)

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CHINA TEM SINAIS CONTRADITÓRIOS, MAS MANTÉM RITMO FORTE

Josué Leonel, jornalista

São Paulo, 10 - Os últimos números divulgados na China reforçam a ideia de que o país continua sendo a economia mais dinâmica entre as grandes do mundo. O comércio exterior chinês, que sofreu com a crise no ano passado, voltou a mostrar um ritmo forte em fevereiro. As exportações aumentaram 45,7% sobre mesmo mês de 2009, pouco acima do também vigoroso crescimento das importações, de 44,7% - ambos os números acima do esperado.

Alguns analistas já interpretam os dados da balança de fevereiro como indicação de que o governo chinês acabará tendo, mais cedo ou mais tarde, de aceitar alguma apreciação cambial. Afinal, um aumento acelerado das exportações acaba por influenciar a demanda doméstica, também favorecida pelos estímulos criados durante a crise para assegurar a volta do crescimento econômico. O próprio fato de também as importações terem crescido muito, apenas um ponto abaixo das exportações, reforça a ideia de que a demanda doméstica segue aquecida.

A abertura dos dados atesta a importância das importações chinesas para os produtores de commodities, como o Brasil. As importações de minério de ferro subiram 5,9% em fevereiro ante janeiro e avançaram 5,6% sobre fevereiro de 2009. As importações de cobre, liga de cobre e produtos semiacabados cresceram 10% em fevereiro sobre janeiro, embora tenham cedido 2,1% sobre mesmo mês do ano
passado.

Outros números divulgados entre ontem e hoje na China, porém, sugerem uma tendência contraditória. As vendas de veículos aumentaram para 1,21 milhão em fevereiro, com avanço de 46,3% sobre fevereiro do ano passado, quando o país ainda sentia o efeito da crise. As vendas, porém, ficaram bem abaixo do registrado em janeiro, 1,66 milhão.

Será que a desaceleração do setor automotivo já sinaliza reação às medidas de aperto adotadas pelo governo desde o final do ano passado para evitar um superaquecimento da economia? Neste caso, vale acrescentar que os próprios números da balança comercial, mostrando crescimento superior a 40% para exportações e importações, foram apurados na comparação com fevereiro de 2009, um mês atipicamente ruim.

Outra dado que pode ser interpretado como menos exuberante foi o de novos empréstimos dos bancos chineses, que ficou em 700 bilhões de yuans em fevereiro, metade do valor de janeiro. O dado ficou em linha com as expectativas, segundo a rede CNBC, e pode ser atribuído ao menor número de dias úteis de fevereiro.

Ou seja, os dados de fevereiro, na verdade, trazem dois fatores de distorção dos comparativos. Se o comparativo é feito com janeiro, a tendência é de ocorrer queda pelo fato de o mês passado ter tido menor número de dias úteis. Se a comparação é feita com fevereiro do ano passado, o problema é que um ano atrás a economia estava sob efeito da crise global, o que também prejudica a avaliação.

Os analistas ainda devem aguardar novos dados, sobretudo os de produção industrial e vendas no varejo, para tirar maiores conclusões sobre a economia chinesa. Até agora, porém, as evidências que sugerem a manutenção de um ritmo forte da atividade parecem mais claras do que os sinais de desaquecimento. A venda de veículos de 1,21 milhão em fevereiro, por exemplo, foi menor do que no mês anterior, mas ainda é maior do que a média mensal do ano passado, quando a China bateu seu recorde e superou o setor automotivo americano.

(Josué Leonel é colaborador da AE e comentarista da Rede Eldorado)

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