domingo, 7 de março de 2010

Painel 05/03

FECHAMENTO: BOVESPA RETOMA 68 MIL PONTOS E VOLTA A SUBIR NO ANO


São Paulo, 5 - O desempenho da Bovespa nesta sexta-feira coroou o ótimo desempenho da semana, onde o principal índice subiu em quatro das cinco sessões. Por causa dos dados do mercado de trabalho norte-americanos, das notícias a respeito do reajuste do minério de ferro e o clima melhor na Europa, o Ibovespa retomou os 68 mil pontos, nível em que pisou pela última vez em janeiro. Vale foi o principal destaque do pregão, assim como na véspera, mas Petrobras também não desapontou, principalmente por causa do retorno, em peso, dos recursos de investidores estrangeiros.

O Ibovespa terminou o dia em alta de 1,52%, aos 68.846,50 pontos, maior nível desde os 69.908,59 pontos de 19 de janeiro. No desempenho da semana, que coincide com o do mês, acumulou alta de 3,52%. No ano, voltou a acumular ganho, de 0,38%, o que não acontecia também desde 19 de janeiro (quando a alta acumulada atingia 1,93%). Na mínima do dia, registrou 67.823 pontos (+0,01%) e, na máxima, os 68.930 pontos (+1,65%). Engordado pelo fluxo externo, o giro financeiro totalizou R$ 8,037 bilhões, bem acima da média diária de fevereiro, de R$ 6,558 bilhões, e também da de março até ontem (R$ 6,259 bilhões, segundo o site da BM&FBovespa).

Tudo hoje conspirou a favor do mercado acionário, mas o dado mais relevante do dia foi proporcionado pelo Departamento de Trabalho norte-americano, que anunciou corte de 36 mil vagas em fevereiro, menos da metade que as 75 mil previstas pelos economistas.

A reação imediata foi a busca por ativos de risco, e isso inclui as commodities, que ainda se esbaldaram com as declarações do primeiro-ministro da China, Wen Jiabao,no discurso anual de abertura do Congresso Nacional do Povo. O premiê previu que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá em torno de 8% neste ano. O último componente a favorecer as Bolsas, no geral, e a Bovespa, no particular, foi a menor tensão com as finanças públicas gregas. O Parlamento da Grécia aprovou hoje o pacote de austeridade de 4,8 bilhões de euros, anunciado pelo governo na última quarta-feira. As bolsas europeias fecharam em alta, assim como as americanas. O Dow Jones subiu 1,17%, aos 10.566,20 pontos, o S&P avançou 1,40%, aos 1.138,69 pontos, e o Nasdaq ganhou 1,48%, aos 2.326,35 pontos.

De volta ao Brasil, Vale continua concentrando as atenções, uma vez que ganham força as discussões para o reajuste dos preços do minério de ferro. Os porcentuais citados são bastante robustos e chegam a até 80%. Vale ON terminou em alta de 3,23%, mais do que a PNA (2,93%), por causa dos estrangeiros, que se concentram nas ações ordinárias. Mas foi a preferencial que liderou o giro individual do Ibovespa hoje, com R$ 1,293 bilhão.

Petrobras ON subiu 2,04% e PN, 1,73%. Na Nymex, o contrato do petróleo para abril subiu 1,61%, a US$ 81,50 o barril. (Claudia Violante)

--

BNDES: SETOR DE PETRÓLEO E GÁS VAI LIDERAR INVESTIMENTOS ATÉ 2013


Rio, 5 - Impulsionada pelas reservas do pré-sal, a exploração de petróleo e gás vai liderar o investimento da indústria nos próximos quatro anos, que deve somar US$ 271 bilhões (cerca de R$ 487 bilhões). A projeção é do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que está concluindo um mapeamento dos investimentos nos sete principais segmentos industriais até 2013. Na comparação com o investimento feito entre 2005 e 2008, isso representa acréscimo de quase 42% no volume de recursos aplicados na indústria. O ano de 2009 ficou fora do trabalho porque ainda não tem dados consolidados.

Mais de 60% dos investimentos virão de petróleo e gás, responsável por US$ 171 bilhões até 2013, pela estimativa do banco.

Outro segmento da cadeia do petróleo que contribuirá substancialmente para a expansão da indústria é a petroquímica. Sob o impacto da união Braskem-Quattor, o setor vai mais do que triplicar os investimentos em relação aos US$ 5 bilhões do período 2005-2008. Segundo o BNDES, serão aplicados US$ 17 bilhões na petroquímica até 2013, um aumento de 240% em relação ao outro quadriênio. Entre os maiores projetos em curso estão o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e o Pólo Petroquímico de Suape, em Pernambuco, que devem consumir US$ 8,4 bilhões e US$ 2 bilhões, respectivamente.

Enquanto o petróleo aparece como líder da escalada do investimento prevista pelo BNDES, os setores exportadores de commodities revelam mais dificuldade. Mesmo com os planos de investimentos da Vale, que hoje formalizou a intenção de aplicar R$ 9,4 bilhões em Minas Gerais, o BNDES projeta queda de 13,8% nas inversões da indústria de mineração. O banco contabiliza US$ 25 bilhões para os próximos quatro anos, mas o setor recebeu US$ 29 bilhões entre 2005 e 2008. Para o setor de papel e celulose, o cenário é um pouco melhor: crescimento zero, mantendo o nível de investimento em US$ 10 bilhões.

"Os setores exportadores sofreram muito com a queda da demanda mundial durante a crise, que ainda não se recuperou totalmente. Isso cria uma dificuldade adicional para as empresas, mas não significa que elas não poderão lançar novos projetos até lá. Esses números são um retrato das expectativas neste momento", explica o gerente da área de pesquisa e acompanhamento econômico do BNDES, Gilberto Rodrigues Borça Júnior.

As projeções constaram da apresentação feita esta semana pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, a uma plateia de investidores em Londres. Segundo o gerente do Banco, os números apresentados por Coutinho confirmam outro estudo recente do banco, que apontou uma mudança no motor da economia brasileira na retomada do crescimento após a crise econômica.

Para o banco, os setores que impulsionarão o investimento a partir de agora serão os voltados para o mercado interno. Nesse sentido, a projeção do BNDES aponta um crescimento de 41,6% nos investimentos do setor de automóveis, que deve somar US$ 17 bilhões até 2013, e de 50% no de produtos eletrônicos, que deve consumir US$ 12 bilhões em quatro anos.

Na indústria de transformação, a retomada do nível de produção na siderurgia desencadeou novos planos de expansão e ampliação do parque industrial com os projetos de novas usinas. Isso deve levar a um aumento de 33% nos investimentos do segmento, subindo US$ 15 bilhões do período 2005-2008 para US$ 20 bilhões nos próximos quatro anos.

Segundo Borça Jr., os dados ainda são preliminares e deverão sofrer ajustes para a conclusão, nos próximos dias, do mapeamento anual que o banco faz das perspectivas de investimentos na economia. Há duas semanas, o BNDES divulgou o trabalho relativo à infraestrutura, que deve consumir US$ 152 bilhões (cerca de R$ 274 bilhões) até 2013, puxada por energia elétrica e telecomunicações, com crescimento de 36,9%. Os trabalhos têm como base as informações que os departamentos setoriais do banco recebem das empresas, contemplando também os projetos que não são financiados pelo banco. (Alexandre Rodrigues)

Nenhum comentário: