quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Painel 15/10

Bolsa brasileira está mais atraente que a chinesa, diz Goldman Sachs

Bolsa brasileira está mais atraente que a chinesa, diz Goldman Sachs

Por Francine De Lorenzo
Num bate-papo com jornalistas nesta manhã, Jim O´Neill, chefe de Pesquisa Econômica Global do Goldman Sachs e criador do termo BRICs, usado para designar o grupo que reúne os quatro principais países emergentes - Brasil, Rússia, Índia e China -, falou sobre suas percepções a respeito da economia brasileira neste momento pós-crise financeira. Muito animado, O´Neill demonstrou profundo otimismo com o Brasil, destacando que "ainda está tentando descobrir algo que possa dar errado no país".


"Eu acho que a tendência de crescimento do Brasil vai continuar. O país está numa posição muito confortável, e a forma como lidou com a crise é uma prova disso. Agora, o Brasil está sendo recompensado por todas as políticas adotadas, e o mundo está começando a tratar o país como um lugar sério", disse.


A forte entrada de recursos estrangeiros no país é uma mostra disso. Neste ano, os investidores de outros países colocaram na bolsa brasileira quase 20 bilhões de reais, puxando uma valorização de mais de 70% no Ibovespa. Apesar da forte alta, O´Neill acredita que o indicador ainda tem espaço para subir. "O mercado de ações brasileiro está mais atraente que os de China e Índia", afirma.


O´Neill não é o único a esperar mais valorização para as ações brasileiras. Especialistas no Brasil e os próprios investidores estrangeiros apostam na força do mercado local. A recuperação mundial, na opinião de O´Neill, acontecerá em 'V'. Ou seja, após o tombo, o mercado voltará a subir fortemente. Mas as estimativas do chefe de Pesquisa Econômica Global do Goldman Sachs restringem-se a um período de seis meses. "Ainda não temos indicadores claros que permitam ver como será a reação do mercado mais adiante", diz.


Quando a questão é a economia real brasileira, O´Neill enxerga mais longe. Para ele, é possível que o Brasil esteja entrando num longo período de forte expansão, em que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça num ritmo de 5% ao ano. Outros especialistas consultados pelo Portal EXAME também esperam um crescimento econômico por volta de 5% a partir do ano que vem. Mas para aqueles que veem no Brasil o potencial da China, fica o recado de O´Neill: é um exagero achar que o país conseguirá chegar aos 10% de crescimento anual tão cedo. "Para isso, é preciso ter mão-de-obra, e o Brasil não tem tudo isso."


Atingir 7% de expansão ao ano, entretanto, não seria um sonho tão distante. O caminho, de acordo com o chefe de Pesquisa Econômica Global do Goldman Sachs, seria o Brasil enfrentar seus três pontos fracos: 1-) a baixa participação de investimentos no PIB, 2-) a pouca abertura econômica, 3-) os grandes gastos do governo. "O Brasil tem de incentivar o investimento estrangeiro direto. Aumentando essa participação - que está diretamente relacionada à abertura econômica - é possível crescer mais rápido", diz.

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