segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Painel 05/10

ÍNDICE DE LIQUIDEZ DA A.BERNSTEIN ATINGE EM SET. MAIOR ALTA DO ANO

ÍNDICE DE LIQUIDEZ DA A.BERNSTEIN ATINGE EM SET. MAIOR ALTA DO ANO

Nova York, 5 - O Índice de Fluxo de Liquidez apurado pela gestora de ativos AllianceBernstein dá suporte à perspectiva de recuperação econômica nos Estados Unidos apesar dos riscos de curto prazo, de acordo com o diretor e economista da instituição norte-americana, Joseph Carson. O analista informa que o índice atingiu 6,3% em setembro, registrando a maior alta do ano, e já ultrapassa o nível de 5% apurado durante os processos de recuperação econômica após as recessões do início de 1990 e de 2001.

O índice de liquidez da AllianceBernstein é composto por medidas relativas ao crescimento da base monetária, crescimento do crédito às corporações e às famílias e flutuação de ativos financeiros de elevada liquidez. Carson defende que o índice é um bom sinalizador sobre a performance futura do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA e observa que ainda é cedo para saber se o indicador já atingiu o pico ou se tem mais para avançar.

O índice, com histórico de dados desde 1970, permite o acompanhamento do fluxo financeiro dentro da economia norte-americana e ainda fornece sinais sobre a sustentabilidade da recuperação econômica, uma vez que tem correlação elevada com setores que se expandem ou se contraem em sintonia com o ciclo econômico.

No início do ano, os ganhos do índice de liquidez antecipavam o processo de retomada da atividade econômica esperado para o semestre corrente de 2009. Carson aponta que a recuperação da economia começou no país entre os meses de junho e julho.

No nível atual de 6,3%, o índice da AllianceBernstein excede o nível de 5% registrado durante as retomadas econômicas do início de 1991 e de 2002, mas está abaixo dos ganhos de 8% e 9% registrados, respectivamente, nas recuperações da década de 1970 e do início da década de 1980.

Daqui para frente, Carson diz que é importante avaliar o comportamento do índice para entender a força do crescimento econômico no país. Ele lembra que nos processos de retomada econômica do início de 1991 e na recuperação de 2002 o índice atingiu 5%, mas depois começou a mostrar instabilidade. Esta oscilação estava antecipando o que viria a se confirmar como retomadas anêmicas destes casos estudados.

No processo de recuperação atual, um risco para o fluxo de liquidez no país no curto prazo é uma eventual alta da inflação e uma concomitante elevação da taxa básica de juro. "Juro em elevação iria desacelerar o crescimento da liquidez", afirma o diretor da gestora. Mas, também para o curto prazo, Carson estima que a capacidade ociosa na economia local ainda deva manter a inflação amena ao longo de 2010.

Ao final de 2010, no entanto, o cenário central do economista da AllianceBernstein prevê que o juro básico estará em 2% no país, ante o nível atual que oscila entre zero e 0,25%. Mas também até o fim de 2010 Carson acredita que uma outra força para o incremento da liquidez no país - o crédito - já terá entrado em ação. Até lá, ele estima que o ciclo de concessão de crédito no país deverá ter se tornado uma força capaz de dar suporte ao fluxo de liquidez e, em consequência, ao crescimento econômico.

Diferentes fontes de liquidez influenciam os diversos estágios de um processo de recuperação, explica ele. Na fase inicial da retomada, ou seja, a fase em que o país se encontra atualmente, é a liquidez alimentada pelos os ativos financeiros que dá o impulso para o crescimento econômico. A principal razão para isso é que, nesta fase inicial da recuperação econômica, as famílias continuam reduzindo a carga de endividamento e as corporações ainda estão ajustando os níveis de estoques - o que significa que a concessão de crédito ainda não é o forte do processo de retomada.

No meio da recuperação econômica, ou seja, no fim do primeiro ano da recuperação (no processo atual seria na segunda metade de 2010), então, o impulso maior deverá vir do crédito concedido às empresas e aos consumidores. Afinal, depois de encerrada a fase de redução de endividamento das famílias e dos ajustes dos estoques pelas corporações, o processo de retomada econômica irá gerar nova necessidade de financiamento e também oportunidades para investimento. Assim, na metade final do próximo ano, quando o ciclo de concessão de crédito estiver dando suporte à recuperação, uma elevação do juro básico abrandaria o crescimento da liquidez, mas sem provocar uma queda acentuada. (Nalu Fernandes)

Nenhum comentário: