segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Painel 30/11

DUBAI GANHA ALÍVIO, MAS DEVE PERMANECER COMO RISCO

DUBAI GANHA ALÍVIO, MAS DEVE PERMANECER COMO RISCO

Josué Leonel, jornalista

São Paulo, 30 - A providencial ação do Banco Central dos Emirados Árabes Unidos (EAU) contribuiu para trazer algum alívio aos mercados nesta segunda-feira. Embora a bolsa de Dubai tenha registrado queda forte nesta manhã, a decisão do BC de informar que vai fornecer liquidez aos mercados pode ajudar a evitar uma corrida aos bancos,que poderia potencializar a desvalorização dos ativos.

O pior pode ter sido evitado pela ação rápida do BC, mas as ameaças não estão totalmente descartadas. O risco de agravamento da crise em Dubai deve permanecer em pauta enquanto não forem definidas as condições do pagamento da dívida da empresa Dubai World. Na semana passada, a companhia anunciou que vai adiar o pagamento de uma dívida de US$ 3,5 bilhões. Contudo, a dívida total da empresa é estimada em US$ 60 bilhões.

Embora na sexta-feira os mercados tenham tido um bom desempenho no Brasil e na Europa, algumas manifestações importantes de cautela foram preservadas. Uma delas veio do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que se manteve realista em relação aos efeitos que o pedido de moratória da Dubai World pode ter na economia mundial. Segundo relatou O Estado de S. Paulo neste domingo, Meirelles considera que crise no país do Oriente Médio representa um alerta. O presidente do BC lembrou que, na sexta, em função do dia de Ação de Graças no dia anterior, o mercado financeiro não funcionou em tempo integral nos EUA, e seria preciso aguardar como as Bolsas americanas vão se comportar nesta segunda-feira.

"Vamos aguardar como vai reagir o mercado norte-americano. Mas, independentemente disso, a situação serve como um alerta de que temos problemas à frente e que devemos evitar excesso de exuberância", ressaltou o presidente do BC. Meirelles reforçou ainda que "o ensaio que nós não vemos ainda é qual será a consequência de Dubai. É o que temos alertado: a recuperação da economia mundial tem muitas incertezas." Ainda de acordo com Meirelles, o sistema financeiro mundial não absorveu todas as perdas que possivelmente terá no decorrer deste processo.

Avaliação cautelosa também foi feita pelo economista-chefe do Banco do Brasil,Uilson Melo Araújo, de acordo com a Agência Estado. "Creio que o caso de Dubai nos mostra claramente que ainda há incertezas", disse Araújo, que foi um dos palestrantes do 1º Congresso do Instituto Nacional de Investidores (INI), realizado neste fim de semana, no Rio. Como os demais economistas que participaram do evento, contudo, ele ressaltou que o Brasil aparenta ter boas condições para passar por este novo momento e que as perspectivas são boas no longo prazo. O diretor de Relações com Investidores da Vale, Roberto Castelo Branco, minimizou o impacto da crise no emirado sobre a economia do Brasil. "Creio que esse episódio de Dubai tem alcance limitado, com respeito à exposição de bancos", comentou, acrescentando que os dois bancos mais prejudicados pela situação não são brasileiros.

Na linha das avaliações mais conservadoras está o financista Mark Mobius, presidente da Templetlon Emergin. Mobius disse à Bloomberg que a crise em Dubai pode levar a uma correção nos países emergentes. "Isto pode ser um gatilho para permitir que o mercado descanse e recue", afirmou. "Vai ser muito sério, porque se Dubai tiver um default, poderá haver uma onda de defaults em outras áreas", disse o financista,cujo fundo é um dos maiores administradores de investimentos em países emergentes.
(Josué Leonel é colaborador da AE e comentarista da Rede Eldorado)

PREOCUPAÇÃO COM DUBAI WORLD AINDA PESA E EUROPA OPERA EM QUEDA

PREOCUPAÇÃO COM DUBAI WORLD AINDA PESA E EUROPA OPERA EM QUEDA

Londres, 30 - As bolsas europeias operam em queda, depois de um breve movimento de alta na abertura, uma vez que as preocupações com o Dubai World persistem. Segundo analistas, o comportamento do mercado deve ser volátil, com os investidores optando por esperar para ver os desdobramentos da situação em Dubai. Outros mercados, porém, mostram mais alívio, com o euro em alta frente ao dólar e os futuros de petróleo e metais básicos subindo.

"A notícia de Dubai ainda está sendo digerida por muitos e, com os volumes começando a voltar à normalidade depois do feriado de Ação de Graças nos EUA, os mercados podem ficar um pouco voláteis até que se receba os principais indicadores econômicos, mais tarde esta semana", disse Joshua Raymond, estrategista de mercado do City Index.

O analista Michael Hewson, da CMC Markets, lembrou que nos últimos seis a nove meses os mercados vinham ignorando o fato de que ainda há bastante dívida ruim no mundo, e "Dubai foi um alerta".

Mas o comunicado do banco central dos Emirados Árabes Unidos (EAU) no final de semana para reassegurar investidores de que apoia seus bancos e as filiais de bancos estrangeiros pode ajudar a acalmar os mercados nos próximos dias, acreditam analistas. "Não veremos uma elevação nos custos de financiamento interbancário no estilo Lehman Brothers e nem um aperto na liquidez", afirmou Gregg Gibbs, estrategista de câmbio do RBS, em Sydney.

Além disso, diversos gestores de recursos consideraram que o declínio das bolsas nos EUA na sexta-feira foi exagerado, uma vez que os bancos norte-americanos não parecem ter grande exposição ao Dubai World. Eles também ponderaram que, embora a notícia em si tenha sido inesperada, os problemas em Dubai não são uma surpresa.

Às 9h13 (de Brasília), a Bolsa de Londres recuava 0,76%, Paris caía 1,12% e Frankfurt recuava 0,96%. Entre os futuros de Nova York, o Nasdaq 100 cedia 0,16%, mesma variação do S&P 500.

As ações de serviços públicos lideravam a queda na Europa, com destaque para RWE AG e GDF Suez. Na contramão, Volkswagen subia 2,5%, depois que o Goldman Sachs iniciou cobertura da ação com recomendação de compra. Já BMW (-1%) foi rebaixado pelo Goldman, que disse que outras montadoras têm mais potencial de alta.

Nos mercados de câmbio, o dólar operava em queda frente ao euro, iene, e libra, à medida que os operadores e investidores decidiram assumir mais risco. Às 8h58 (de Brasília), o euro subia 0,28%, a US$ 1,5033; a libra avançava 0,18%, a US$ 1,6532; e o dólar cedia 0,32%, a 86,32 ienes. As informações são da Dow Jones. (Nathália Ferreira)

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