sexta-feira, 2 de julho de 2010

Painel 02/07

ELIMINAÇÃO DE VAGAS NOS EUA É O PRIMEIRO TESTE CARDÍACO DE HOJE

Londres, 2 - A manhã desta sexta-feira se revela como um verdadeiro teste cardíaco para os investidores (e torcedores). Há muita ansiedade sobre os números do emprego nos Estados Unidos neste momento de turbulência internacional. A expectativa é a de que a eliminação fique restrita às vagas de trabalho no mercado norte-americano e bem longe do Brasil na partida contra a Holanda (às 11 horas), pelas quartas de final.

Como é de praxe, a cautela predomina no exterior antes do anúncio do payroll, às 9h30 (de Brasília). As ações, o euro e o petróleo estão todos em cima do muro no aguardo das informações. Quem se dá melhor são as commodities metálicas e as mineradoras, depois que o governo da Austrália recuou e reduziu o imposto a ser cobrado do setor no país.

Os investidores já se prepararam para o pior em relação às vagas de trabalho nos EUA - até um novo mergulho na recessão está sendo precificado. A projeção aponta para corte de 110 mil vagas em junho, o que seria o primeiro número negativo depois de cinco meses de alta. O desemprego deve voltar a subir para 9,8%, depois de ter recuado para 9,7% em maio.

No entanto, os investidores irão de concentrar no resultado do setor privado, pois o dado consolidado traz as distorções da dispensa de funcionários contratados pelo governo para o censo. Conforme analistas, o consenso aponta para criação de 110 mil vagas no setor privado no mês passado. "Uma queda nas contratações privadas hoje traria grande impacto para o sentimento do mercado", avalia Philip Marey, do Rabobank.

O anúncio ganha importância após a divulgação de diversos indicadores negativos não só sobre a economia norte-americana, mas também na Ásia. Há forte receio de que a crise de dívida soberana na Europa tenha se espalhado de forma a interromper a recuperação dos EUA. A grande pergunta do momento é: o foco de tensão irá se deslocar do velho continente para a maior economia do mundo?

Os desdobramentos são fundamentais para o caminho do dólar daqui para frente. O estrategista-chefe de câmbio do ING, Chris Turner, nota que, pela primeira vez em muitos meses, a fraqueza da moeda ontem foi "independente", ou seja, gerada pelos próprios indicadores norte-americanos desfavoráveis.

Até então, a moeda estava sendo conduzida pelas preocupações com a Europa. Mesmo números fracos dos EUA ajudavam a divisa, em razão da aversão ao risco global. "É muito cedo para dizer que este é o começo de uma nova tendência de fraqueza do dólar, mas a moeda pode seguir sob pressão", avalia Turner.

Ele acredita que os principais beneficiados de um movimento de desvalorização do dólar seriam o iene e o franco suíço. No entanto, os investidores ainda buscam exposição em carry trade e países com forte crescimento doméstico, caso do Brasil, o que traz isolamento para o real, na visão do estrategista do ING.

No aguardo do payroll, o destaque dos mercados internacionais nesta manhã são os metais, que reagem em alta à decisão do governo da Austrália de mexer na proposta de imposto sobre as mineradoras. A taxação sobre os lucros será de 30%, e não mais de 40% como previsto inicialmente.

Às 7h46 (de Brasília), os contratos futuros do cobre (+1,88%), da prata (+1,75%) e da platina (+0,79%) subiam. Já o petróleo WTI segue a cautela dos ativos de risco e recua 0,07%, para US$ 72,90.

No mesmo horário (acima), as bolsas de Londres (+0,55%), Paris (+0,24%) e Frankfurt (+0,23%) mostravam altas modestas.

O euro registra leve retração a US$ 1,2513, de US$ 1,2515 no fechamento de ontem em Nova York. A libra operava a US$ 1,5199 (de US$ 1,5180) e o dólar valia 87,66 ienes (87,56 ienes) ontem. (Daniela Milanese)

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